sexta-feira, 9 de outubro de 2015

 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Ao final da segunda guerra o conceito de desenvolvimento econômico começou a ganhar força, significando a implementação de instituições capazes de harmonizar interesses e práticas econômicas, era a fase de expansão. Neste sentido, uma das características centrais implícitas era a total inconsciência com as repercussões ambientais e de degradação ecológica derivada das atividades econômicas. Não existia, até então, nenhuma preocupação com o meio ambiente.
Ocorreu então a maximização dos recursos naturais, principalmente pelas grandes potências, que estavam a todo vapor de crescimento. Essa impulsão de utilização de recursos foi alavancada pela crise de 30, que impunha o aumento de produção a custos cada vez mais baratos, gerando desemprego, condições de trabalho subumanas, enfim todo tipo de comiseração. Essa situação manteve-se até o final da 2a Guerra Mundial, no início dos anos 70. Os elementos naturais utilizados e os efluentes gerados ficavam inteiramente à margem da economia. Como o preço é determinado por uma conjunção de custos, escassez relativa e demanda, a abundáncia era tida como não-valor, não-riqueza. O progressivo aumento de custos gerados pelo sistema econômico era então visto como aumento de riqueza. A compreensão do erro lógico inscrito nessa conceituação é essencial para se perceber como a Questão Natural (ecologia e meio ambiente) ficou à margem da Teoria Econômica, significando a marginalização do meio ambiente e total ignoráncia dos efeitos dessa degradação.
Os cientistas então começaram a criticar esse modelo, culminando por um manifesto, chamado Blueprints for survival, em 1969 que fomentou o debate da questão ambiental, chamando atenção para a sobrevivência da humana estar em jogo. Mesmo com grande reação contrário, o manifesto teve resultado positivo, porque fez a discussão ganhar relevo. Como o sistema adotado foi naturalmente corroído por suas próprias bases, calcadas nos gastos máximos, a matéria prima, foi ficando mais cara, o que praticamente anulou os ganhos. Com o impacto econômico foi necessário brecar a maximização dos gastos naturais, porque a matéria prima tornou-se cara demais. O desperdício tomou lugar pelo máximo aproveitamento possível, reduzindo drasticamente a degradação. A exploração irracional, cedeu lugar ao aproveitamento racional de recursos, não pela consciência ecológica, mas pela pressão econômica.
O desenvolvimento sustentável buscava nessa época, ainda que sob nomenclatura diversa, combinar os mecanismos de correção econômica, com medidas de controle administrativos e sistemas de decisão pactuada entre os diversos atores da sociedade civil: Estado, empresas e organizações não-governamentais. Além disso, surgiu a consciência de que os padrões de consumo dos países desenvolvidos não poderiam ser transplantados para os demais países, sob pena de falência do mundo natural. A partir daí, o conceito de desenvolvimento econômico passou a sofrer um intenso processo de revisão, mais ou menos crítico, mais ou menos cauteloso conforme o ambiente intelectual e profissional. A dimensão do conceito alargou-se, e a percepção de que havia nele insertos balizas éticas e políticas fortes. Abandonou-se então o conceito estreito de "desenvolvimento econômico" para iniciar a exploração e aplicabilidade do conceito mais amplo de "desenvolvimento sustentável".

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